terça-feira, 20 de novembro de 2012

My body and my soul.

Penso agora, que ao longo de todo o dia sou apenas carne. Não posso negar que casualmente, ao longo do passar das horas o inconsciente me assombra, me chama, mas eu não respondo.
 Agora, em meu quarto, sozinho e com a noite sobre mim, sou alma. Espirito e nada mais. Meu corpo dorme em algum lugar que não sei onde é. E por algum motivo que eu também não sei, eu não quero saber onde ele possa estar.
É bom ser apenas alma, sem corpo, sem nada que me prenda de fato a este mundo, ou a lugar algum.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Os meninos querem chegar em casa com vida.


  imagem - google.

Os meninos querem voltar pra casa, mamãe precisa dormir em paz e papai não quer ir deitar muito tarde.
Ei, onde está o Batman em uma  hora dessas? Gotham talvez não careça tanto da presença dele. Ponhamos pois então, para ontem até, um luminoso bem lá no alto do nosso Empire State para chama-lo a atenção.
Os meninos querem chegar em casa! Mamãe não quer chorar!
Podíamos montar uma gangue do bem. Podíamos fazer uma passeata, igual a uma que vi naquele filme do Milk. Fazer um discurso parecido com o dele também e podíamos começar com um pedaço de outro discurso, - I HAVE A DREAM...
Os meninos estão correndo, mas não para alcançar o ônibus da escola.
A mãe chora e o governador só fala em números, espera um pouco, ouço promessas falsas, palavras vazias. É  o eco de tiros noturnos, diurnos, matutinos e constantes.
Eu corro, corro para chegar em casa vivo.
Não ouço mais os meninos!
Ouço o grito estridente de dor, e o pior,  vejo medo. O medo de um milhão e a violência de um.
Mamãe dorme para não sentir, embora penso que ela sinta, mesmo dormindo.
Eu corro para gritar...
           Ei, não podemos nos acomodar.




quinta-feira, 15 de novembro de 2012

velhos diários precisam ser queimados.


                                                           (FOTO: Arlan Souza)



Velhos diários precisam ser queimados. O passado nem sempre deve ser evocado, pois as lembranças podem não ser boas.
Fico com o que houve de bom. A parte ruim deixarei a cargo de minha consciência, pois esta por si só fará com maestria o trabalho de me refrescar a memória quando por algum vacilo eu pensar em andar pelos mesmos caminhos, ou fazer as mesmas escolhas.

Não doeu queimar o passado. Os gritos escritos e as dores abafadas, a verdade contida. Tudo, tudo queimou em chamas altas, em fogo duradouro.
Não sou tolo a ponto de pensar que uma mera fogueira pode assim tão banalmente apagar o que foi escrito naquelas páginas. Mas foi no fogo e somente nele que encontrei uma forma de não mais me martirizar ou  chorar por outrora.
Ao inferno com promessas falsas de que agora em diante tudo será diferente e uma nova estória será escrita e blábláblá. Não! Não haverá nenhuma nova estória, continuarei escrevendo a mesma! Eu só preciso ajusta-la e isso eu posso fazer. Eu vou fazer!
Meu discurso soa com ar político e eu odeio isso! Harrrr.
Com as cinzas que restaram eu me propus a escrever VIDA, palavra tão gasta e tão maltratada por mim, por nós todos.

Velhos diários precisam ser queimados, mas continuo guardando comigo um ou dois. São aqueles dos tempos bons. Das noites de estrelas, dos dias de verão intenso e dos tempos da turma do fundão. Tempos de verdades e segredos revelados. Tempos de família e de amizade. Tempos que eu tenho imensa saudade!



                                                         Green Day - Jesus of suburbia


domingo, 28 de outubro de 2012

Perdão!

É necessário inspiração!
Os corações devem acelerar ou parar instantaneamente, ou então não há como criar.
Devem haver também alguns, talvez muitos...suspiros, suor e ventos frios.
Precisa-se perder o fôlego um milhão de vezes.
Deixar-se-a saltar os olhos, eles também precisam sentir e demonstrar isso sem o menor pudor.
É preciso exageros, extravagâncias. Lugares novos e gente diferente também ajudam!

Careço um bocado disso tudo, por isso minha ausência. Perdão!

"O homem em sua essência precisa antes ver, sentir, tocar e ouvir. Para então transformar, adaptar e mudar. Nós, seres humanos, não criamos nada! Somos apenas modeladores do espaço em que vivemos"


quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Que o cotidiano não nos mate.


Peço aos deuses desta terra e de todo o espaço existente que o cotidiano não nos mate.
E que nós não nos acostumemos com nada, nem mesmo com a vida. Peço ainda que todas as manhãs sejam doce, sejam cheias e sejam vazias.

Peço que nenhum livro que eu leia seja tão bom a ponto de me fazer não ler nenhum outro.
Peço que venham muitos amores nas mais variadas formas, mas que ele venha.
Rogo a  Deus para que o meu diálogo seja coerente e que meus versos consigam dizer, ao menos um terço do que eu sinto.
Peço, com clemência, que eu jamais me petrifique, que pelas eras e eras eu seja vivo. Não importa sobre qual forma, desde que eu possa sentir o frio, o sol e a brisa.
 Que minh'alma viva e possa ser beijada e tocada. Que eu possa amar!

Peço ao grande deus sol que os dias de verão sejam longos por mais vezes, para que as crianças possam sair dos prédios e brincar. Rogo para que a conexão caia e que a chuva caia também. Que as bolas possam rolar, os balanços balancem, os vestidos rodem, os cabelos esvoacem  e os corpos se transformem em um.
Que o dia seja lindo.

Peço também que os telefones toquem. Que os emails cheguem. E que as cartas voltem a ser escritas. Mas que palavras também sejam ditas, muito mais vezes!

Peço enfim que haja vida e que esta ultrapasse qualquer sonho.


sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Ferdinando.

Ferdinando estava quieto. Petrificado!
Dança comigo?
O rapaz não acreditava, não pudera nem mesmo em seus sonhos mais fantásticos imaginar tamanha perfeição, cordialidade e gentileza em uma só pessoa. Era perfeito demais, era bonito demais tudo aquilo. Ele estendeu o braço em sinal de aprovação ao pedido  feito.
-Danço! - respondeu sorrindo e deixando cair uma lágrima minuscula que desceu devagar por sua face e foi contida antes que se desfizesse. Um beijo para conter a dor, um beijo para salientar que coisas fantásticas são reais e podem acontecer a qualquer um. Que mereça, ou simplesmente aos que o destino e a vida tomam como capricho mostrar o extraordinário.
O rapaz beijou o rosto de Ferdinando interrompendo o cair de sua lágrima fujona.
- Esta noite não foi feita para lágrimas menino, sorria, estamos juntos agora!
O céu e as ruas foram gentis aquela noite, lá fora tudo estava silencioso. O mundo dormia enquanto uma odisseia se passava em velocidade quântica dentro de Ferdinando. O céu não tinha estrelas, mas a lua estava entre o emaranhado de nuvens noturnas, majestosa  cena. Michelangelo estava ali, e Deus também.
No meio da sala abraçados, Ferdinando e Marcelo dançavam sem musica ao som imaginário da mais linda sinfonia.
Foi então aquela a primeira dança.

terça-feira, 24 de julho de 2012

E quando não houver Amor ?


E quando não houver amor, o que eu faço?
Posso chorar? Posso gritar? 
Posso deitar sem amor, só pelo calor?

Posso rezar silenciosamente e pedir ao deuses dementes que me mandem querubins?
Posso então ir me deitar e sonhar, ou ficar de olhos abertos e me masturbar.
E quando não houver amor, o que eu faço?

Eu posso morrer?
Posso sofrer até que eu consiga crer
Até que eu consiga ver...
Até que eu consiga andar.

E quando não houver amor, posso me entregar ao sexo, ao corpo e ao ópio?
Posso tomar uma garrafa de gim e outra de vodka.
Posso sair correndo pelado mundo a fora até cair bêbado em lugar nenhum 
e me deixar ser usado por qualquer um.
E quando não houver amor, prometo procurar abrigo e me esconder.
 Prometo ler  as cartas que fizeste pra mim, em segurança até o fim.
 Até que volte a ter amor em mim.

E quando não houver amor, será o fim?


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sexta-feira, 20 de julho de 2012

Vida Longa


                                                                      imagem >

Há pouco mais de quatro anos, exatamente na madrugada do dia 20 de junho de 2008 eu fiquei sem sono. Por volta das  duas da manhã peguei minha coberta rasgada e fui  sentar-me a frente de meu recente adquirido computador, meu primeiro grande investimento capitalista. Na época eu tinha  dezesseis anos de idade e um monte de ideias mirabolantes na cabeça. Hoje eu tenho vinte, quase vinte e um, e continuo com um monte de ideias mirabolantes na cabeça. Lembro-me que naquela noite eu estava cheio delas rondando minha consciência, me perturbando a paz. Foi então que decidi deixa-las sair. Na época a moda era o orkut, mas eu precisava de um espaço maior, mais centralizado e menos caótico. Um blog era o ligar perfeito.
 No começo era tudo muito improvisado, desde o layout até as postagens. Aos poucos fui me adaptando e hoje consigo ver em cada linha que escrevo e em cada postagem nova o quanto cresci, o quanto aprendi. E ao ler outros blogs percebo também o quanto ainda tenho a aprender. É bonito perceber  essas coisas é bacana analisar por este ângulo meu desenvolvimento. Muitas vezes me pego lendo meus antigos posts, é tão nostálgico! Principalmente quando relembro e associo os momentos e as situações que me levaram a escrever determinadas coisas.
Fazem então quatro anos que eu decidi tornar público meus devaneios, meus "achamentos" a respeito do mundo. Confesso que  já pensei em fechar o blog, em começar outro talvez ou simplismente parar de escrever. Mas não. Primeiro porque não tenho coragem e depois o que seria de  mim sem o blog?  Isso aqui já é parte importante de mim, é um projeto particular, um dos poucos que está ao meu alcance  construir e manter.Por isso continuo, por isso vou permanecer!
Agradeço a todos que fizeram  do camaleão uma estação ferroviária e passam  sempre por aqui. Agradeço à Nathana Balbino Batista pela força e pelo pedido de continuar com o blog; Agradeço aos amigos que participaram do convidados; Ao Pedro Bravo, à Suanne Oliveira, à Ariela, à Lari Fonseca, ao Franco Rebel e a todos aqueles que apreciam meu trabalho com o blog. É sublime estar aqui a cada postagem.


O camaleão sentimentalista.

sábado, 14 de julho de 2012

Sensações #05




A temporada de convidados continua, e cá entre nós hoje está Lari Fonseca, blogueira de Várzea  fim de mundo Paulista e também leitora do camaleão. Fique à vontade minha cara. Apreciem!!!


Ela amava pela primeira vez, ela sentia.  Ela percebera como surgia aquilo que via em livros e filmes, cada sensação era metade Amor metade Medo, Medo por não saber do que se tratava.
Antes que Ela pudesse entender ao certo, quando estava prestes a se acostumar foi surpreendida por outro, que só tinha ouvido falar, um  tal que chamam de abandono...
Desde que este chegou Ela  já nem sabia  ao certo o que realmente almejava
Pensava consigo  “O pior já aconteceu e não tenho o que temer, o que mais de ruim pode vir? “
Por hora se via tomada por um leve aperto um palmo acima do umbigo na vertical, três dedos para a esquerda e um prender levemente sufocante em sua garganta. Com os olhos já pesados quase se fechando ficava repetindo as frases que nunca teve coragem de dizer...  Tentando tomar posse de um querer que ainda não era seu, um querer de Revolta..
Em um bocejar os olhos dela se enchem de lagrimas. Esse leve sufocar tira o sono... Esse leve aperto faz lembrar... Esses olhos pesados querem trasbordar o quanto antes...
O que é?  De onde vem? Como faz parar?
Talvez a exaustão do corpo faça  com que ela durma,  cessando momentaneamente  isso que nem se sabe.


                                                                                                                          escrito por Lari Fonseca.


sábado, 7 de julho de 2012

Mulheres (2)

                                                                         A Mulher / Di Cavalcanti


Edileuza casou-se cedo, uma menina em nossos dias, um mulher naqueles tempos.
Vivia no nordeste, em meio ao marasmo e ao cultivo da terra. Teve dois filhos, dois meninos.
Pouco depois mudou-se para São Paulo percorrendo o que a alguns anos atrás era o caminho da prosperidade.O marido trabalhou firme dia após dia, noite após noite, construíram casa, compraram carros e entre um copo de wisk e outro as crianças iam para o colégio, o marido crescia no empego e Edileuza também progredia. O azulejo do banheiro perdia a cor original, estava agora com aspecto esbranquiçado de tanto ela limpar, o almoço servido pontualmente ao meio dia realçava ainda mais a dedicação da dona de casa, da mulher do lar.
O almoço de domingo sempre evidenciava uma ausência comum, o lugar do chefe estava vago. Na mesa de madeira macissa apenas trés cadeiras estavam ocupadas, em algum lugar no outro lado da cidade o marido ocupava também um lugar, talvez no trabalho talvez na mesa do bar. E desse modo passaram-se cinco, dez, quinze, vinte anos e Edileuza permaneceu naquela quase devoção, em uma escolha forçada talvez, mas cheia de dedicação. Criou os dois filhos, zelou pelo marido, aprontou a mesa, limpou a casa e lavou o quintal. Só esquecera de seus sonhos e de suas vontades. Deixou de nutrir os seus desejos que dia após dia ela guardava cada vez mais no fundo das  gavetas dos armários, até desistir de vez e joga-los na lixeira da cozinha junto com cascas de batata e cenoura.
 Edileuza foi forte e foi livre ao escolher por onde caminhar, foi brilhante por ter dedicado sua vida em prol de outras, ela tem e teve seus motivos.
 Lembro-me certa vez quando Edileuza  me contou que sempre quis ir a faculdade. Queria cursar administração de empresas e  o fez sem perceber. Alcançou por mérito próprio o cargo mais alto. Ela  foi administradora de sua casa, foi líder de seus filhos, foi mãe com direito a estágio e efetivação. Vinte e cinco anos dedicados a mesma empresa, entre ganhos  e perdas, valeu á pena? Aos que estão de fora não vão entender, mas a vida de uma mulher, de uma mãe e de uma esposa não são calculadas entre valer ou não  à pena, há muito mais em jogo.

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Mulheres

                                                                       Mulheres Protestando / Di Cavalcanti

Os nomes são fictícios, mas as mulheres são reais.

Ela me liga todos os dias. Anteontem eu estava no banheiro quando o telefone tocou, exitei em atender, quando retornei horas mais tarde ela me disse que precisava desabafar.

Foi em um mês de fevereiro há vinte e um anos atrás, ela tinha dezesseis anos e tivera até então apenas dois namorados. Com o primeiro nunca se deitou, lembra com alegria de um rádio a pilha, de  algumas tardes de sábado e do dia em que ele terminou o namoro, fora de repente, ele simplesmente terminou tudo levando consigo o rádio  e os sábados felizes. Mas ela tinha só quinze anos e essas coisas são bobagens, coisas de menina do interior.
Casou-se em uma noite de sábado em meio a lágrimas e vestida de véu e grinalda. Chorava e foi beijada na testa pelo seu agora marido. Não o amava, dizia que essas coisa viriam com o tempo.
Um ano depois tivera seu primeiro pupilo, mãe aos dezessete.
Inexperiente, indefesa, novata! Comeu biscoitos com café em sua lua de meu.
O marido era lavrador  e tinha um pequeno botequim, homem metido a valente, perdera a mãe muito cedo e aos vinte e seis ele já tinha poses. Casa, terras e um bar. Viviam felizes.
 Certa vez ele disse  que iria embora de casa, isso foi lá pelo quinto ano de casados, ela, desesperada acordou o filho na tentativa de persuadi-lo a ficar. Deu certo, conversaram e tudo se resolveu. Naqueles tempos brigas eram coisa de dois ou trés dias sem diálogos, mas só, logo depois tudo voltava ao normal. Sete anos depois  e ela estava grávida outra vez, mas perdera a criança depois de certas ocasiões onde sua paciência tinha sido posta a prova. Messes depois ela engravidou novamente, e nove meses depois o rebento veio ao mundo. O marido mudou-se para a capital do progresso, a Nova York tupiniquim. Em seguida foi a vez da mulher e os dois filhos embarcarem em um ônibus cruzando o pais rumo a São Paulo, deixando  para traz a casa confortável, sua mãe e seus irmãos, sua  escola, a igreja onde batizou-se, casou-se e batizou o filho, deixou para traz uma vida inteira. Uma vida velha.
 Em São Paulo morou de favor na casa da cunhada. O  marido trabalhava o dia todo, na cozinha agora haviam duas mulheres, em meio a muitas crianças, eram trés cômodos apenas.
Conseguiu um emprego. Um bom emprego em uma multinacional. Foi ai que tudo mudou, ela tornara-se independente, saia todos os dias, tinha amigas e vestia-se melhor. O  marido não gostou, começaram as discussões. Se fazia hora  extra estava no motel com algum amigo de trabalho ou com o chefe, com o padeiro, com o açougueiro, com o Gaspar.
Era chamada de vadia e puta, ameaçada. Quando em certo dia foi humilhada em rua pública na frente de cunhados e cunhadas, o marido gritou para quem quisesse ouvir difamações e estórias mal fundamentadas. As crianças ouviam tudo, percebiam tudo.
 Eles se mudaram, venderam tudo que tinham na antiga cidade, tiveram um  terceiro filho que por vezes  foi renegado, por vezes tido como o filho do marido da amiga, do pastor da igreja, do vizinho, da puta que pariu. Certo dia o marido tentou bater na esposa, mas o primogênito não permitiu. Outra vez ela e as crianças saíram de casa descalços fugindo do pai, do esposo e da faca.
Ela chora as vezes,  questiona-se onde errou. Imagina uma vida diferente. As crianças assistem tudo.
 A mulher tem trinta e sete, ainda pode, ainda deve e esperamos que ela lute, que ela  mude.
Ela é mãe e tem trés filhos.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Decepções de Gente Grande.

Eu não ia escrever sobre coisa alguma nem tão cedo, mas fui movido por força maior, maior que a puta decepção que acabei de ter, maior talvez que o esforço que fiz durante todo um semestre estudando a filha da puta da matemática, esforço em vão.
Estou em meio a portas que insistem em não abrir, é como se elas gritassem...- Aqui não é lugar para você, volte, vamos, desista, eu não vou abrir para você! Eu tô querendo entrar em um estacionamento onde a placa de há vagas está desligada. Eu tô parecendo um meninão chorão, eu sei!
Mas, poxa vida, eu estudei muito, pra caralho mesmo.
Eu gritei na hora do banho, arranhei meu corpo, mordi o pulso, contei pra minha mãe e chorei nos braços dela, dói um pouco muito ainda, mas vai passar.
Sou menino homem eu vou levantar a cabeça, doar ainda mais, entregar-me ainda mais. Eu não desisto vida, eu não descanso tempo.
 Dia 1° de agosto  tudo começa outra vez, e eu estarei lá, de cabeça erguida, de corpo e mente presente. Porque aquilo lá são minhas asas, eu quero e preciso voar, e eu sei que vou conseguir. Não são promessas, são sonhos! E  isso é mais forte e mais consistente que qualquer outra coisa.
Ainda bem que eu tenho esse pedacinho de espaço aqui. Ainda bem que eu sou um camaleão, um cameleão que não é mas tão sentimentalista, mas que continua se reinventando e renascendo, porque viver é tão belo e  cair e recomeçar outra vez, sempre faz parte e sempre fará.


Boa noite!

quinta-feira, 24 de maio de 2012

Ei

Ei, eu estou com medo!
Do que?
De me perder por aqui!
Aqui?
Sim. Aqui!
Onde?
Aqui, nesse mundinho frio e calculista. Mundano, capitalista, consumista!
Hum, entendi.
Podemos fugir?
Para onde você quer ir?
Para as montanhas. Para as mais altas e distantes montanhas, rodeadas de mares e cobertas de gelo, mas que tenham também vales e planícies onde possamos viver e cultivar algumas coisas.
Podemos ir de balão, vou levar meus livros, você pode levar seu violão e o teu piano.
Tudo bem, nos vemos pela manhã então, antes do nascer do sol, tudo bem?
Tudo bem então.

domingo, 29 de abril de 2012

Individualismo: O grande tumor da sociedade contemporânea.


Ele dispensa apresentações, já é de casa!


Uma pessoa está procurando um endereço de um prédio onde irá fazer uma entrevista de emprego, como está perdido resolve perguntar para as pessoas que passam diariamente em uma rua bem movimentada:
    -Olá amigo, por favor você pode me dar uma informação? Oi, por favor ? Droga lá se foi mais um com seu fone de ouvido e nem me deu atenção e eu precisando de uma informação, será que nessa grande “selva de pedra” alguém será solidário em me ajudar?! Olha aquele moço engravatado, acho que ele pode me auxiliar.
    - Bom dia senhor eu preciso de uma informação, eu estou procurando uma rua chamada...

    O homem engravatado nem para, continua andando e lhe diz:
    - Com licença, estou super atrasado e não posso ajudar.
    O indivíduo necessitado pela informação responde:
    - Puxa que cara grosseiro! Ele na mesma hora visualiza uma mulher e diz consigo mesmo:
    - Olha uma moça falando no celular, acho que ela pode me auxiliar:
    - Oi moça, eu preciso de uma informação...
    A moça totalmente presa na sua singularidade, pede um tempo na conversa com seu parceiro amoroso e responde de forma mal educada a pessoa que necessita de apenas uma informação:
    - Oi amor só um minuto. Olha aqui cara, eu to no celular não posso ajudar você, para de me amolar, quer informação?! Pergunte para um taxista ou na banca de jornal.
    Logo depois do ato inadequado ela volta a sua conversa com quem estava ao celular:

    - Desculpa amor um desocupado estava me incomodando, acho que ele queria dinheiro para encher a cara de pinga...
Pois é caros amigos que estão lendo esse texto, isso é um pequeno exemplo do que hoje uma pessoa passa quando precisa de uma ajuda qualquer, tenho certeza absoluta que antigamente as pessoas eram mais solidárias umas com as outras, que os valores como a cordialidade, humildade, o amor ao próximo, a valorização entre os seres humanos, a civilidade, a moral e os bons costumes caracterizavam a imagem da sociedade de outrora, e por mais que as pessoas tinham seus compromissos, alguém iria se dispor para para auxiliar o seu semelhante. Hoje as pessoas estão ocupadas demais com suas particularidades, pois uma sociedade cada vez mais capitalista, onde o que reina entre as pessoas não são mais os valores éticos e sim a competitividade, ninguém mais se enxerga como ser igualitário, ou seja, que todos somos iguais, mas visualiza um ao outro como um rival que disputa algo, é assim em todos os segmentos da sociedade contemporânea.
Essa competitividade e o individualismo irracional, onde o espaço é disputado de forma bruta é causada pela força que o neoliberalismo causou em um processo histórico muito curto e que cada vez mais ganha força e o resultado é esse que notamos em nosso dia a dia, dentro de um ônibus ou metrô por exemplo, ninguém conversa com ninguém, parece que todos são um bando de robôs ou zumbis, fechados em seu próprio “mundinho mesquinho” com aquela mentalidade mecânica e programada na mente : Levantar; tomar banho; café, transporte coletivo, trabalho; parada para almoço;retornar ao trabalho; fim do expediente; voltar ao coletivo; chegar em casa; tarefas domiciliar; banho; dormir. Infelizmente hoje dentro de um espaço onde seres humanos diariamente frequentam (o mesmo exemplo do transporte coletivo) pouquíssimos mas são raríssimas exceções mesmo que se cumprimentam e conversam. No cotidiano em que vivemos a realidade é a seguinte, um está lendo o jornal, outro está escutando o seu Ipod, o outro está mexendo no seu tablet, o outro no celular e etc. Ah mais se entra alguém necessitando de uma ajuda humanitária seja ela qual for vai ser ignorada, todos estão presos demais com seus egoísmos, fingem que nada está acontecendo, fora os prejulgamentos e preconceitos que já fazem ao analisar o momento em que o ser humano está lá implorando por um pequeno gesto de gentileza humana em ajudar a pessoa necessitada .
E as redes sociais então?! Puxa vida nunca estivemos tão longe e tão perto de alguém ao mesmo tempo, fazemos amizades virtuais tão rápidas como a velocidade da luz, e a consolidamos com tanta força, até parece que os amigos que fizemos com o outro que está há quilômetros de distância é tão forte que parece que foram amigos de infância, eles compartilham e curtem tudo que postam, os comentários são tão fantásticos, mas ao mesmo tempo o individualismo, o egoísmo e o orgulho é tão intenso que a criatura não é capaz nem de dizer um bom dia, para o vizinho ali do lado de casa, ou pro seu parceiro de condomínio.
Eu me pergunto qual irá ser o resultado dessa sociedade cada vez mais tão distante, sem nenhum valor moral cívico, sem humanidade, sem nenhum resquício de civilidade e amor ao próximo, como vai ser o futuro de tudo isso?! Qual é o sentido de tanta luta por melhor qualidade de vida, tantos avanços tecnológicos, tantos discursos hipócritas de melhorar a vida do nosso planeta Queremos salvar o mundo, mas ao mesmo tempo nós não estamos sendo capazes de salvar à nos mesmos, dizem que cada geração humana que surge está mais evoluída, será mesmo?! Se estiver mesmo tão evoluídos eu humildemente lhes peço, por favor achem, descubram a cura para essa sociedade cada vez mais debilitada e doente, precisamos da cura desse tumor, o câncer que corrói a sociedade contemporânea, o nefasto individualismo que foi introduzido pela bactéria capitalista.
                                                                                                             escrito por : Pedro Bravo Jr.

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Depois da zero hora.

Tem um nó aqui na minha garganta,  alguma coisa quietinha aqui em mim, uma dor miúda, silenciosa e maldosa.
Tem um descontentamento que me ataca sempre depois da zero hora. É uma coisa velha, um dor antiga que me deixa matutando sempre depois da meia noite.
Tenho vontade de me permitir chorar, de deixar fluir.
 Talvez eu me dê  ao direito de sofrer, não de amor, mas de dor!
Todas às noites depois da zero hora me faz companhia, não me deixa só. Dorme comigo, me abraça e me faz dormir dizendo sempre que vai voltar - e eu sei que vai.

sábado, 21 de abril de 2012

Para cá, depois de aculá, aqui outra vez.



Ah, eu não quero  dizer idiotices, besteiras  minhas. Descrever aqui meu particular é cafona como diz o Walter, meu professor de micro economia. Só queria mesmo dizer que voltei pra casa, pra casa de mãe. Depois de seis meses fora lavando, passando, descobrindo, vivendo, chorando, aprendendo. Foi muito coisa, pouco tempo! Mas percebo hoje que minha casa não será nunca mais a minha casa. Que meu quarto e minha cama não serão nunca mais meus. A partir do momento que se deixa pra trás quando voltamos não são mais nossos, pertencem agora à algum espaço no tempo, tempo que passou.
Sou agora um hóspede em minha casa.
Voltei como intermediador político para amenizar tensões existentes. Não estou por mim e sim por eles, e desse modo acabo estando por mim também, porque afinal, eu sou eles!

Uma vez fora de casa adquirimos certa noção de espaço, de perigo, de sobrevivência, e isso é bacana, é funcional. Voltar pra casa não significa perder essas noções, mas sim deixar de usa-las, ou usa-las menos vezes.
Durante esses seis meses fora aprendi coisas bem úteis, como fazer arroz com cenoura, feijão, lasanha, salada de maionese, separar as roupas por cores na hora de coloca-las na máquina de lavar (isso eu só aprendi depois de manchar minha camiseta preferida), gastar estritamente o necessário entre outras variáveis que não cabem ser ditas aqui.
Enfim, sair de casa é válido! Acho que todos deveriam sair aos dezenove, vinte, sei lá. Deveríamos todos viver esta experiência algum dia antes dos trinta ou dos vinte e cinco. Estou bem, mas queria sair de casa outra vez. Mas agora daqui eu só saio pro meu ap, e o meu ap é só depois da faculdade daqui há dois anos e meio. Mas tudo bem, eu tô em paz.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

O pré julgamento da subjetividade, o veneno que destrói a personalidade.


Ele jantou com o camaleão noite dessas, e gostou.  Por isso torna a nossa casa e com honras o camaleão o recebe, bem vindo outra vez Sr. Pedro. Apreciem...



                                                                                 foto >


Um casal recém-casado mudou-se para um bairro tranquilo. Na primeira manhã que passaram na casa, enquanto tomavam café, a mulher reparou que a vizinha pendurava lençóis no varal e comentou com o marido:
- Que lençóis sujos ela está pendurando no varal ! Está precisando de um sabão novo. Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar roupas.
O marido observou calado.
Três dias depois, também durante o café da manhã, a vizinha pendurava lençóis no varal e novamente a mulher mulher comentou com o marido:
- Nossa vizinha continua pendurando os lençóis sujos! Se eu tivesse intimidade, perguntaria se ela quer que eu a ensine a lavar roupas !
E assim, a cada três dias, a mulher repetia seu discurso, enquanto a vizinha pendurava as roupas no varal.
Passando um mês a mulher se surpreendeu ao ver os lençóis muito brancos, sendo estendidos, e empolgada, foi dizer ao marido:
- Veja, ela aprendeu a lavar roupas, será que a outra vizinha lhe deu sabão? Porque eu não fiz nada.
O marido calmamente respondeu:
- Não, é que hoje eu levantei mais cedo e lavei a vidraça da nossa janela!
E assim é. Tudo depende da janela, através da qual analisamos, observamos e julgamos os fatos de acordo com a nossa subjetividade.
Antes de criticar, verifique se você fez alguma coisa para contribuir, analise seus próprios defeitos e limitações. Devemos olhar antes de tudo, para a nossa própria casa, para dentro de nós mesmos. Só assim poderemos ter a real noção do valor de nosso caráter. O preconceito é um veneno que se deixarmos ele mutila as nossas mentes, corrói os olhos de nossa subjetividade nos deixando cegos e acaba por fim destruindo toda a nossa personalidade e transformando-nos em seres dominados pela vaidade e falsidade.



                                                                                      Pedro Bravo  Jr. disse que foi ele quem escreveu o texto acima.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

é 1, é 2, é 3...

Respeito, eu prometi ter por mim mesmo.
Valor, fiquei de me dar mais.
Verdade, jurei voltar a usar.
Amor, eu disse que teria, que esperaria, que daria!
Drama,  falei pra mim mesmo que não usaria mais, não escreveria mais, não viveria mais.


O que queremos afinal? Uma boa transa um amor medieval, um lance comtemporâneo?
O que esperamos na real? Qualquer coisa natural, um lance normal!
O cavalo que não era branco morreu de fome. O belo vestido de cetim encontra-se rasgado, foi também roído por ratos. Ratos capitalistas, ratos socialistas, ratos comtemporâneos.


É um ritmo frenético, um ritmo paulista, novaiorquino, paulistano, londrino.
Eu já nem penso mais, planejam meu dia, minha noite, minha vida... me conduzem.
E eu? Eu vou deixando ser levado, ser enganado, vou fingindo que sei, que posso, que quero.


é um, é dois, é trés...
Tô pulando fora.



domingo, 4 de março de 2012

O maior inimigo do homem, o invencível Tempo



E hoje o camaleão apresenta aquele com o qual teve seus primeiros debates, sua primeira dialética...

Desde os primórdios da história da vida do homem sobre a face da terra, onde o homem foi aprendendo a sobreviver à todos os aspectos que confrontavam e que cerceavam ao mesmo tempo e que dificultavam sua sobrevivência, o homem com sua magnifica inteligência de criar, elaborar, esquematizar, solucionar e improvisar ele foi vencendo os obstáculos, e assim aperfeiçoando as técnicas evoluindo cada vez mais, porém, nesse paradoxo, onde cada vez mais que ele desbravava e superava os obstáculos naturais ele iniciava um modo complexo de viver com seu próximo, ou seja, ele vivia em bandos, mas cada vez que aperfeiçoava sua comodidade de vida ele desaprendia a viver em conjunto e se isolando, até chegar aos dias de hoje onde cada vez mais ele se vê mais solitário.
Mas apesar do indivíduo, o ser humano, o ser vivo mais complexo da face da Terra, que é o único que ser que consegue destruir em grandes dimensões territoriais seu próprio habitat para poder sobreviver de forma cômoda (contraditório não?!), não podemos também deixar de contemplar tudo que ele construiu de positivo, a sua capacidade de raciocínio para modificar o espaço, todas as batalhas que o homem travou no que ele sempre julgou em sua subjetividade para o melhor para a sociedade, as lutas que ele fez com o próprio homem, pois não podemos esquecer que depois do período neolítico a história do homem e e dominar o seu próximo objetivando poder, ele em seu profundo egoísmo, executou o filho de Deus que veio na terra pregar o amor ao seu semelhante e a paz universal entre os povos, sim fazendo uma somatória de sua história que é analisada em Pré-história, história antiga, idade média, moderna e contemporânea, então resumindo toda essa viagem do homem podemos detectar uma coisa, o homem venceu e continua vencendo os obstáculos, menos um,e por mais que se tente ele nunca vencerá, o Tempo.
Disse uma vez o escrito francês Marcel Proust (1871 – 1922 ) em um jornal chamado Le Figarro, no dia 25 de março de 1913, “Os dias podem ser iguais para um relógio, mas não para um homem”. Na minha humilde e limitada interpretação ele quis dizer que o tempo para o homem jamais será igual para o relógio, porque o tempo modifica o homem, ele é o seu administrador, o seu contador, o seu analista, a sua inspiração e também o seu dono, pois “Se o tempo é o senhor da razão” é só com ele que o homem no decorrer de sua vida ele amadurece e aprende o significado da vida. O homem não tem como vencer o tempo pela simples razão de viver em função dele, segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses anos, décadas, séculos, milênios e etc nós temos a consciência de contar ele desde os primórdios da história, com a construção dos primeiros relógios, o de sol, o de água, o de areia até chegar nos sofisticados relógios de hoje. Temos ele cronometrado para tudo em todos os aspectos, já tiveram utopistas que quiseram criar meios para voltar no tempo para consertar algo de errado, se quer a prova, é só analisar as obras do cinema como “De volta para o futuro, o Click ou o próprio filme brasileiro o homem do futuro”, então, está aí a razão dele ser inimigo, suas ações nunca serão perdoadas, jamais terás à oportunidade de corrigir o passado, no máximo compensar no presente para ver o reflexo de sua atitude no futuro. O tempo para os mesquinhos capitalistas não pode ser desperdiçado pois tempo é dinheiro, para os narcisistas o tempo também é o inimigo, pois a beleza que é a sua essência de vida para os mesmos vai perdendo a sua força a cada segundo que passa, e não adianta querer burlar o tempo simplesmente parando nele, sem querer prosseguir isso só vai piorar a situação. O tempo não espera, é implacável. O jeito é tentar viver a vida intensamente e com potencialidade, não deixar de fazer o que quer por capricho nenhum de qualquer fator que possa te impossibilitar de fazer algo que acredita ser positivo, então, viva desfrute de tudo o que puder e quiser, porque para o tempo não existe regressão, ele só faz andar pra frente e nada mais, então, o conselho que dou é não tentar vencer o tempo, estará apenas perdendo ele, apenas faça o que estiver ao seu alcance, sem olhar pra trás, pois se fizer isso a única coisa que encontrarás serão as recordações e os arrependimentos de uma vida que não voltará mais.


escrito por: Pedro Bravo Jr.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Gigante Pela Própria Natureza

 O camaleão segue com os convidados, e  hoje tráz a brasileira mais globalizada de todas ...




No início dos tempos, na parte sul das Américas, habitava um gigante. Um dos poucos que andavam sobre a Terra. Gigante pela própria natureza, e sendo natureza ele próprio, era feito de rochas, terra e matas, que moldavam sua figura. Pássaros e bichos pousavam e viviam em seu corpo e rios corriam em suas veias. Era como um imenso pedaço de paisagem que andava e tinha vontade própria.Caminhava com passadas vastas como vales e tinha a estatura de montanhas sobrepostas. Ao norte, em seu caminho, encontrava sol quente e brilhante nas quatro estações do ano. Ao sul, planaltos infindáveis. A oeste, planícies e terras cheias de diversidade. E a leste, quilômetros e quilômetros de praias onde o mar tocava a terra gentilmente, desde sempre. Havia também uma floresta como nenhuma outra no planeta. Tão grande, verde e viva que funcionava como o pulmão de todo o continente à sua volta. Mesmo diante de tudo isso, um dia, enquanto caminhava, o gigante se inquietou. Parou então à beira-mar e ali, entre as águas quentes do Atlântico e uma porção de terra que subia em morros, deitou-se. E, deitado nesse berço esplêndido, olhou para o céu azul acima se perguntando: "O que me faz gigante?". Em seguida, imaginando respostas, caiu em sono profundo. Por eras, que para os gigantes são horas, ele dormiu. Seu corpo gigantesco estirado, o joelho dobrado formando um grande monte, uma rocha imensa denunciando seu torso titânico e a cabeça indizível, coberta de árvores e limo. Dormiu até se tornar lenda no mundo. Uma lenda que dizia que o futuro pertencia ao gigante, mas que ele nunca acordaria e que o futuro seria para ele sempre isso: futuro. No entanto, com o passar do tempo ficou claro que nem mesmo as lendas devem dizer "nunca".Depois de muito sonhar com a pergunta sobre si, o gigante finalmente despertou com a resposta. Acordou, ergueu-se sobre a terra da qual era parte e ficou de frente para o horizonte.Tirou então um dos pés do chão e, adentrando o mar, deu um primeiro passo. Um passo decidido em direção ao mundo lá fora para encontrar seu destino. Agora sabendo que o que o faz um gigante não é seu tamanho, mas o tamanho dos passos que dá.

                                                   
                                                                                                               Texto adptado: Suanne Oliveira

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Ponto Final.

Enquanto o camaleão vai escrevendo coisas novas e vivendo outras tantas,  cá estão seus amigos, a começar por ela...

>foto

Hoje acordei abri a janela e percebi que havia algo diferente, não em mim, mas com tudo que estava ao meu redor. Então fui até a cozinha preparei o meu café matinal e peguei o bom jornal que leio insistentemente todos os dias e fiz menção de ir direto ao caderno cultural do Estadão para saber as novidades que aconteceriam na grande e movimentada metrópole.

Depois de ter tomado meu café, sentei-me em frente ao computador e fui ler minha caixa de e-mail que por sinal estava abarrotada de mensagens. Havia várias mais teve uma mensagem particularmente me chamou atenção e ela dizia:

“Neste dia de hoje coloque um ponto final no que não te faz feliz, vire a página e recomece outra vez!”.

Sinceramente esta mensagem me deixou um tanto quanto intrigada, então procurei saber quem havia me mandado esta frase, mas quando olhei a caixa de entrada estava escrito: “Sem assunto e sem remetente”. Então me perguntei quem haveria mandado aquela mensagem que tanto me intrigou? Dei ração ao meu velho companheiro “Ted” um cão labrador que me acompanhara desde que vim morar em um apartamento na R. Frei Caneca e deixei que a vida tomasse o curso de todos os dias.

Peguei meu carro e sai rumo ao meu trabalho, por ventura era uma sexta- feira ensolarada e pra variar com um trânsito de dar nos nervos. Depois de cortar caminhos e fazer rotas alternativas cheguei ao meu trabalho, ah pra quem não sabe trabalho no MAM (Museu de Arte Moderna) em São Paulo como curadora das obras de arte e por sinal naquela sexta estávamos entrando com a exposição de Clarice Lispector uma grande escritora e amante da boa literatura.

Comecei a ver as obras, cartas escritas por ela e me fascinei, comecei a mergulhar em uma atmosfera que só quem estivesse em meu lugar poderia sentir. Então peguei um fragmento de um texto dela que dizia:

“Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. PS. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar”.

Clarice Lispector

A partir daquela leitura eu comecei a assimilar o que estava acontecendo comigo então ao término do meu expediente peguei o meu carro fui até ao meu apartamento peguei o “Ted” e segui rumo alguma cidade interiorana que tivesse paz e sossego.

Chegando lá encontrei um chalé que não era habitado a muito tempo, então estacionei o carro e desci, a partir daquele momento senti algo fora do normal.....

Uma brisa que acalentava e me fazia sentir plenamente satisfeita, satisfeita em saber que o ponto final que daria a minha vida era o desfecho de pequenas “coisinhas” que me afastavam do que eu realmente sou e o início de um novo recomeço.






sábado, 21 de janeiro de 2012

Densidade Terrestre



Ela estava de pé encostada na pia da cozinha, de pernas cruzadas com uma caneca de porcelana branca nas mãos. Tomava café e observava pensativa o mundo lá fora. A  janela era grande e a cortina estava obviamente aberta, pesava sobre a moça algo que ela não conseguia nomear, divagava a respeito e olhava além da janela na esperança de encontrar respostas.
Mas havia simplicidade em algo tão pesado e  complexo. Após tomar outro gole de café os olhos dela brilharam por uma fração de segundo e como quem acabara de receber uma mensagem psicografada ela falou.
- Densidade terrestre - disse baixinho, nomeando o que sentia.
Densidade  terrestre, ela pensou alto em seu intimo, era isso. A pressão exercida pelo planeta sobre ela.
A moça foi moldando o pensamento e deixando-o mais claro, mais legível para ela mesma.
Densidade terrestre, a parcela de influência que o planeta exercia sobre suas decisões, sobre sua vida e seus passos na terra.
Densidade terrestre, a certeza de que certas coisas não são possíveis. Essa coisa concreta que está bem diante de cada ser-humano afirmando a todo instante que as coisas são como são e não como poderiam ser ou como queríamos que  fossem.
A densidade terrestre,  pensou a moça, de tão pesada chegava a ser uma imposição. Está e sempre esteve entre nós. Contínua, mutua, sempre presente para afirmar que é maior e mais forte!
A moça ficou petrificada por alguns instantes, se assustou com a ideia de uma entidade tão forte conduzindo em parte sua vida, sentiu-se escrava da-li em diante de de algo que ela não podia controlar, não via, não ouvia, mas sentia sua presença como quem sente fome as três da tarde de um dia sem almoço.
Ainda em transe ela deixou a caneca de porcelana branca cair espatifando-se no chão e acordando todos os que dormiam no andar de cima, sua família!
Foi inevitável, a moça pensou instataneamente em seus pais e em seus irmãos, em como também estavam sujeitos a densidade terrestre. E assim ela seguiu multiplicando seu pensamento até chegar no planeta inteiro e se assustar ainda mais ao pensar que o plante inteiro estava fadado a tal força.
Após apanhar os cacos de porcelana a moça  pensou por fim, agarrada ao cabo da vassoura. Podiam todos os seres humanos não se submeter? Podiam de alguma formar transpor a densidade terrestre?
A moça concluiu que sim! E ainda segundo ela, tal empenho é uma empreitada de longo prazo e que requer dedicação e cautela.  Nesse instante que ela largou a vassoura e tornou a espalhar todos os cacos de porcelana pelo chão da cozinha. Decidira começar por ali a não mais se submeter a densidade terrestre, foi aquele o primeiro ato contra tudo que lhe fora imposto, contra todas as vontades que não eram dela.


pesquisa de imagens: Suanne Oliveira

domingo, 1 de janeiro de 2012

rituais.

(imagem-google)


Aos vinte e poucos anos de idade e a algumas milhas de distância de casa, coisas como família saudade e solidão ficam muito evidentes, coloca-se em jogo também a questão da força e  sobre quanto se pode aguentar, ou até que ponto é inteligente suportar.
As vezes eu queria saber quando realmente estou sendo egoísta e orgulhoso. Não é que eu não tenha auto-conhecimento, mas é que fico confuso tantas vezes.
Este ano eu descobri que é melhor ser cético, acreditar sim, mas duvidar sempre de quase tudo!
Outra coisa importante que aprendi é sobre ser e estar certo. Eu não espero mais nenhum dos dois! Afinal de contas, certeza é coisa tão relativa nesse mundo e não quero mais impor minha opinião, não quero mais brigar com quem apenas quer falar. Vou dizer o que acho, o que penso e o que faria, mas não vou dar murros em ponto de faca, direi que penso apenas para ter em mim a certeza de me coloquei diante do mundo e das pessoas.
Eu já disse aqui que adoro as possibilidades e são elas que me movem, sempre e sempre!
Eu tô com saudade de casa, do carinho e da comida da minha mãe; do sorriso e das perguntas dos meus irmãos, mas e coisa certa que tudo muda, ou ao menos deveria.
Não guardo rancores nem mágoas, isso é atraso de vida!
 Preciso de respeito! Preciso ME respeitar!
Os últimos meses foram tão bons, bons mesmo viu, de verdade (eu fiz um post dizendo exatamente o contrário, mas decidi não publicar, eu estava sendo egoísta).
Não vou contar, nem comparar nada.Vou apenas evidenciar o que foi posto a prova e se mostrou eficiente e rentável.
Coragem! Estavam certos quando me disseram que ela é fundamental.
Estabilidade! Isso me incomoda e não quero ela por perto nem tão cedo, a não ser claro a estabilidade econômica.
Educação! Gentileza! Humildade! Todas elas eu gosto de receber e estou aprendendo a oferecer em maiores quantidades para em breve oferecer sempre.
O blog continua, mas o camaleão em 2012 quer prestar serviço, quer fazer indicações e não somente falar de si mesmo e do seu sentimentalismo.
Deixo aqui meus sinceros agradecimentos ao Criador, a 2011 e a todos que com suas visitas e comentários fizeram o camaleão sentimentalista em 2011.
Que este novo ano seja repleto de tentativas e de realizações.
Feliz 2012.
Feliz VIVER!!!