quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Gigante Pela Própria Natureza

 O camaleão segue com os convidados, e  hoje tráz a brasileira mais globalizada de todas ...




No início dos tempos, na parte sul das Américas, habitava um gigante. Um dos poucos que andavam sobre a Terra. Gigante pela própria natureza, e sendo natureza ele próprio, era feito de rochas, terra e matas, que moldavam sua figura. Pássaros e bichos pousavam e viviam em seu corpo e rios corriam em suas veias. Era como um imenso pedaço de paisagem que andava e tinha vontade própria.Caminhava com passadas vastas como vales e tinha a estatura de montanhas sobrepostas. Ao norte, em seu caminho, encontrava sol quente e brilhante nas quatro estações do ano. Ao sul, planaltos infindáveis. A oeste, planícies e terras cheias de diversidade. E a leste, quilômetros e quilômetros de praias onde o mar tocava a terra gentilmente, desde sempre. Havia também uma floresta como nenhuma outra no planeta. Tão grande, verde e viva que funcionava como o pulmão de todo o continente à sua volta. Mesmo diante de tudo isso, um dia, enquanto caminhava, o gigante se inquietou. Parou então à beira-mar e ali, entre as águas quentes do Atlântico e uma porção de terra que subia em morros, deitou-se. E, deitado nesse berço esplêndido, olhou para o céu azul acima se perguntando: "O que me faz gigante?". Em seguida, imaginando respostas, caiu em sono profundo. Por eras, que para os gigantes são horas, ele dormiu. Seu corpo gigantesco estirado, o joelho dobrado formando um grande monte, uma rocha imensa denunciando seu torso titânico e a cabeça indizível, coberta de árvores e limo. Dormiu até se tornar lenda no mundo. Uma lenda que dizia que o futuro pertencia ao gigante, mas que ele nunca acordaria e que o futuro seria para ele sempre isso: futuro. No entanto, com o passar do tempo ficou claro que nem mesmo as lendas devem dizer "nunca".Depois de muito sonhar com a pergunta sobre si, o gigante finalmente despertou com a resposta. Acordou, ergueu-se sobre a terra da qual era parte e ficou de frente para o horizonte.Tirou então um dos pés do chão e, adentrando o mar, deu um primeiro passo. Um passo decidido em direção ao mundo lá fora para encontrar seu destino. Agora sabendo que o que o faz um gigante não é seu tamanho, mas o tamanho dos passos que dá.

                                                   
                                                                                                               Texto adptado: Suanne Oliveira

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Ponto Final.

Enquanto o camaleão vai escrevendo coisas novas e vivendo outras tantas,  cá estão seus amigos, a começar por ela...

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Hoje acordei abri a janela e percebi que havia algo diferente, não em mim, mas com tudo que estava ao meu redor. Então fui até a cozinha preparei o meu café matinal e peguei o bom jornal que leio insistentemente todos os dias e fiz menção de ir direto ao caderno cultural do Estadão para saber as novidades que aconteceriam na grande e movimentada metrópole.

Depois de ter tomado meu café, sentei-me em frente ao computador e fui ler minha caixa de e-mail que por sinal estava abarrotada de mensagens. Havia várias mais teve uma mensagem particularmente me chamou atenção e ela dizia:

“Neste dia de hoje coloque um ponto final no que não te faz feliz, vire a página e recomece outra vez!”.

Sinceramente esta mensagem me deixou um tanto quanto intrigada, então procurei saber quem havia me mandado esta frase, mas quando olhei a caixa de entrada estava escrito: “Sem assunto e sem remetente”. Então me perguntei quem haveria mandado aquela mensagem que tanto me intrigou? Dei ração ao meu velho companheiro “Ted” um cão labrador que me acompanhara desde que vim morar em um apartamento na R. Frei Caneca e deixei que a vida tomasse o curso de todos os dias.

Peguei meu carro e sai rumo ao meu trabalho, por ventura era uma sexta- feira ensolarada e pra variar com um trânsito de dar nos nervos. Depois de cortar caminhos e fazer rotas alternativas cheguei ao meu trabalho, ah pra quem não sabe trabalho no MAM (Museu de Arte Moderna) em São Paulo como curadora das obras de arte e por sinal naquela sexta estávamos entrando com a exposição de Clarice Lispector uma grande escritora e amante da boa literatura.

Comecei a ver as obras, cartas escritas por ela e me fascinei, comecei a mergulhar em uma atmosfera que só quem estivesse em meu lugar poderia sentir. Então peguei um fragmento de um texto dela que dizia:

“Sendo este um jornal por excelência, e por excelência dos precisa-se e oferece-se, vou pôr um anúncio em negrito: precisa-se de alguém homem ou mulher que ajude uma pessoa a ficar contente porque esta está tão contente que não pode ficar sozinha com a alegria, e precisa reparti-la. Paga-se extraordinariamente bem: minuto por minuto paga-se com a própria alegria. É urgente pois a alegria dessa pessoa é fugaz como estrelas cadentes, que até parece que só se as viu depois que tombaram; precisa-se urgente antes da noite cair porque a noite é muito perigosa e nenhuma ajuda é possível e fica tarde demais. Essa pessoa que atenda ao anúncio só tem folga depois que passa o horror do domingo que fere. Não faz mal que venha uma pessoa triste porque a alegria que se dá é tão grande que se tem que a repartir antes que se transforme em drama. Implora-se também que venha, implora-se com a humildade da alegria-sem-motivo. Em troca oferece-se também uma casa com todas as luzes acesas como numa festa de bailarinos. Dá-se o direito de dispor da copa e da cozinha, e da sala de estar. PS. Não se precisa de prática. E se pede desculpa por estar num anúncio a dilacerar os outros. Mas juro que há em meu rosto sério uma alegria até mesmo divina para dar”.

Clarice Lispector

A partir daquela leitura eu comecei a assimilar o que estava acontecendo comigo então ao término do meu expediente peguei o meu carro fui até ao meu apartamento peguei o “Ted” e segui rumo alguma cidade interiorana que tivesse paz e sossego.

Chegando lá encontrei um chalé que não era habitado a muito tempo, então estacionei o carro e desci, a partir daquele momento senti algo fora do normal.....

Uma brisa que acalentava e me fazia sentir plenamente satisfeita, satisfeita em saber que o ponto final que daria a minha vida era o desfecho de pequenas “coisinhas” que me afastavam do que eu realmente sou e o início de um novo recomeço.