segunda-feira, 12 de maio de 2014

Sim!


                                                                    ( imagem- google)

O que são meses ou segundos na eternidade do tempo? Nada e tudo!
 O tempo pode ser longo como um dia de trabalho árduo, ou tão rápido quanto um sopro de ar sobre a sopa quente.


Marcelo postergou a volta pra casa, Ferdinando formou-se em Filosofia. E os dois foram morar juntos por três meses. Marcelo  precisou voltar à São Paulo para defender sua tese de doutorado. E lá não se conteve e contou para todo mundo que estava apaixonado. Perdidamente apaixonado por um jovem filosofo das praias do sul. Isso chateou muito Ferdinando que não lidava tão facilmente com a ideia, mas ele também tentou contar pra todo mundo, menos para sua família, que não quis ouvir.

- Ei, não chora Ferdinando! Olha pra mim!
- Fee. Olha aqui Fee, ei, guri! Olha nos meus olhos.
- Fala Marcelo, o que você quer?
- Eu quero te pedir em casamento!
- O que? Você quer o que?
Eu quero me casar com você Ferdinando. CA-SAR COM VO-CÊ!
- Você enlouqueceu cara? Homens não se casam com homens.
- Ah não? Então quer dizer que você vai se casar com uma mulher, é isso? Heim Ferdinando?
- Não, eu não vou me casar com ninguém! Eu vou morrer soz...
-... Ao meu lado bem velhinho. É isso que vai acontecer. – Completou Marcelo.
Ferdinando não conteve o riso e começou a gargalhar alto, até que o riso se transformou em choro. – você é doido Marcelo, você é louco seu otário.
- Sou mesmo! Sou um louco otário e doido por você. – e dito isso Marcelo colocou forçadamente uma aliança no quarto dedo da mão esquerda de Ferdinando.
- Casa comigo seu bobão. – repetiu Marcelo, e antes que Ferdinando pudesse responder ele o calou com os lábios em meio a uma tentativa de beijo forçado. Os dois ficaram parados face a face, colados um no outro. Marcelo com a respiração acelerada e os olhos fixos nos olhos de Ferdinando que tentava conter o beijo.
Marcelo pressionou Ferdinando contra a parede e o abraçou fazendo uma última tentativa silenciosa e desesperada.
 - Casa comigo Ferdinando? - Houve uma eternidade de silêncio e um lampejo dos dias que podiam estar por vir. Ferdinando podia sentir em seu intimo todo o peso contido naquele pedido feito, e sabia que ainda mais pesado, era a resposta. Quantas convenções ele quebraria? Quanta moralidade seria desfeita? E que novo mundo seria esse? Casar, viver e amar outro homem. Amar era irrevogável, pois ele já amava Marcelo com a mesma intensidade que amava sua própria vida. Ferdinando rodopiava no infinito mundo de suas ideias; estava voando sobre todas às consequências de ambas as resposta que poderiam ser dadas: Sim! Não! 
Trés letras, eram apenas trés letras, que quando somadas e proferidas podiam trazer conclusões tão díspares. Seria um mundo novo, uma nova perspectiva, e isso o consumia em fogo e desespero. Logo ele, que sempre se considerou avesso a qualquer pré-conceito ou às formalidades e pseudo normalidades sociais.
  Depois de correr o mundo das ideias ambíguas, depois de nadar em seu oceano particular de conceitos pré estabelecidos; o jovem filósofo concluiu que no amor somos todos iguais. Quando amamos não há maior ou menor grau de sanidade, não há distinção entre homem letrado ou ignorante, pobre ou rico. Assim como a morte, o amor também é democrático e afeta a todos com igual intensidade. 
Em um sopro de sanidade o rapaz concluiu que tudo aquilo era loucura.

- Sim! -respondeu Ferdinando. Concluindo também que a melhor coisa a se fazer em mundo de pessoas sóbrias é ser um completo ébrio, Insano e insensato apaixonado.






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