quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Tradição


 O tempo, como bem sabemos, passa. (é, ele passa sim) e passa muito rápido. E tradição é coisa que vamos adquirindo, primeiro as que nos ensinam e, depois ocasionalmente vamos criando as nossas próprias. A  exemplo disso, este post que vos escrevo.
Ainda sobre tradição, temos aquelas que quebramos (graças á Deus) e tem aquelas que é sempre bom manter. Tradição é algo bonito, nem sempre, realmente. Alguns acham cafona, eu acho bacana.
Tradicionalmente falando eu costumo escrever o ultimo texto do ano como forma de agradecimento por tudo que foi dito e sentido por aqui. Este ano que tá indo embora foi a princípio tranquilo, até junho, eu diria, dai em diante as coisas esquentaram, para o bem e para o mal. Mas principalmente para o bem.
Eu também quero relatar que neste ano que tá acabando, eu aprendi que zona de conforto não é lugar para nenhuma pessoa que se diga de boa índole, ou que se julgue sensata e boa gente. Zona de conforto é um canto quieto, tosco, pobre, feio, pequeno e totalmente medíocre.
Zona de conforto é aquele lugar onde o navio repousa, onde não há vento, nem tempestade, é um lugar tranquilo, calmo, seguro. Na zona de conforto é possível avistar a estrela do norte, a guia mestra de todo navegador. Porem, mesmo que se possa avistá-la, os marinheiros que chegam na zona de conforto acreditam ser sábio ignorar a estrela do norte, ali, na zona de conforto é mais prudente aquietar-se, lançar âncora e permanecer.
Posso dizer, e quero me lembrar, de neste próximo ano, não ficar mais nem por um segundo na maldita zona de conforto. Já disseram antes, não sei quem foi, mas disseram: "mar calmo não faz bom marinheiro."
E sinceramente, a vida tem que ser vivida a flor da pele, tem de ser gozada, sorrida, comemorada.
Eu fiz muito disso neste ano, talvez pudesse ter feito mais, sim. Mas em um ou dois pontos eu me deixei permanecer na zona de conforto, e quando o céu escureceu, quando a estrela do norte não pode mais ser vista eu fiquei desorientado, mas então foi ai que eu me lembrei de antigas tempestades e me lembrei também que sou um marinheiro, um navegador, e diante de tal lembrança eu retomei o controle e a posse de meu barco e rumei para o oceano.
Neste ano, eu desejo que todos nós possamos tomar controle e posse de nossos barcos, desejo também e com mais vontade que aqueles que ainda não encontraram seus barcos, possam, nem que seja a nado, tomar o rumo de suas vidas. Desejo que em dois mil e quinze os sonhos possam sair das gavetas, os beijos sejam enfim dados e as palavras não sejam negligênciadas.
Eu sei que a porcaria do ano novo não fará nada por nós, e que na verdade é apenas e somente um dia após o outro, ou mais uma volta que demos ao redor do sol. Grosserias à parte, eu gosto de encarar o fim de ano como o fim de um ciclo e o inicio de outro.
É tradição, e como eu disse, eu acho bacana.

Feliz ano novo!





O camaleão sentimentalista.

foto: Ipanema/ RJ, por Arlan Souza - arquivo pessoal



terça-feira, 9 de dezembro de 2014

As Novas Cores do Camaleão.



Toda casa precisa de uma mão de tinta de vez em quando, uma reforma pequena também faz bem, e no caso do camaleão, já estávamos ficando negligentes. Esta semana inauguramos com muito orgulho  o novo layout, o novo mascote e as novas cores do Camaleão Sentimentalista e, novamente posso dizer que me sinto maravilhado por ter chegado até aqui, por ter conseguido me traduzir e me por em palavras por tanto tempo. Isso é uma delicia, a cada texto, desenho e conto é um gozo, um contentamento infinito.
Apesar de ter posto um pouco mais de cor no blog, minha proposta continua sendo a de deixar o camaleão o mais limpo possível, com foco no texto central e livre de publicidade. Uma das novidades é a página no face book, criada recentemente afim de centralizar seguidores e facilitar o trabalho de divulgação. As páginas permanecem as mesmas: O camaleão; Convidados e Galeria.
Este blog, caros leitores, é a minha mais justa, clara e verdadeira tradução. Aqui eu me ponho, me pinto, visto e tiro a roupa. Aqui eu viro a madrugada, manhãs de domingo e tardes de feriado.
E para comemorar, vamos escrever, contar histórias, narrar fatos e traduzir sentimentos e sensações.

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As Aventuras de um Garoto Qualquer

é meia noite de uma segunda feira de um dezembro quente. O garoto decidiu sair!
Pegou a bicicleta na garagem de casa e se pôs no mundo. Queria ver o céu e a lua, talvez o amanhecer também. Pedalou pelo bairro e se regozijou com a brisa que batia devagar e leve em seu rosto. - As ruas desertas são perfeitas para se pensar. Pensar na vida, na gente e nos outros também.
O garoto pedalava no compasso de uma sinfonia imaginária, hora se levantava do assento para sentir um pouco mais de adrenalina e deixar ainda mais sublime aquele momento.
Três quarteirões ao norte de sua casa o bairro era cortado por um pequeno córrego que em sua margem  direita possuía uma praça. Aquele era o destino final do percurso. Largou a bicicleta encostada sob uma arvore e foi sentar-se no balanço. Ali, longe das luzes das casas era possível ver o céu com mais nitidez e tranquilidade. Era possível também organizar as ideias e sintetizar melhor alguns conflitos da alma e da mente. Sim, o menino é muito jovem, mas nem por isso não tinha o direito de ter conflitos e um punhado de coisas importantes para pensar. Só que naquele momento ele foi vencido bela beleza do céu pontilhado e envolvido pelo silêncio, só conseguia admirar e sorrir a cada novo ponto luminoso que descobria no infinito do mundo. "E então este era o papel do universo" - pensou ele: O universo é uma força gigantesca que se renova, transforma, morre e renasce a todo instante, e nós, como parte do universo, também estamos sujeitos ás suas mudanças e alternâncias de ciclos. O mundo continuaria girando e girando e girando sem parar Naquela noite o garoto era um observador dos ciclos do mundo, e compreendeu que logo pela manhã deveria retornar para casa e promover os ciclos de sua própria vida, afinal, não podia sentar sempre no balanço e  ficar vendo a noite virar dia e o dia virar noite, era preciso viver.


imagem:google