sexta-feira, 15 de maio de 2015

Sobre ir Sozinho - 1° parte.

Segundo as estatísticas somos sete bilhões de seres humanos espalhados por cinco continentes em mais de uma centena de países. Não é sensato permanecer, considero um pecado não tentarmos ir. Sair de casa e tentar, aos poucos, conhecer quem e o que está lá fora. Talvez não precise ser o mundo, embora seja tentador. Mas que seja o Brasil, para começarmos.
Conheço bem pouco de nosso pais/continente, algumas capitais que de tão poucas posso contar nos dedos das duas mãos, mas os planos são ambiciosos, conhecer o Brasil de norte a sul, leste a oeste, conhecer a América latina, e depois o mundo.

Sempre que anuncio minha próxima viagem, a primeira coisa que amigos e familiares perguntam é com quem eu vou. O destino e todo o resto ficam em segundo plano. - Eu vou sozinho é a resposta e o que vem depois disso são as caras de interrogação seguidas do discurso moralista conservador de que viajar sozinho é coisa de gente estranha, carente e maluca. E eu concordo com tudo!

Sim, eu sou carente, estranho, e doido. E é exatamente por isso que a ideia de viajar se faz ainda mais necessária. Como acabar com a carência/solidão? Viajando, conhecendo pessoas, lugares, e meios de vida diferentes dos meus. Como alimentar minha insanidade? Fazendo coisas insanas, como pegar carona as margens de uma avenida estranha, em uma cidade estranha, com pessoas estranhas e sozinho e pedir para descer do carro duas quadras depois porque meu índice de loucura baixou rápido demais. E por fim, onde encontrar inspiração pra ser estranho? Em casa? Com certeza não! é no mundo, nas asas de uma avião, ou sobre as rodas de um ônibus com a bunda dolorida depois de quatorze horas sentado, é claro.

Congresso Nacional - Brasília, 02/2013
Por isso eu vou sozinho, mas vou!
Mas uma coisa importante sobre viajar é, ou melhor, uma regra básica da vida: não se encha de expectativas bobas. Ao colocarmos os pés na estrada, a primeira coisa a fazer é deixar-se surpreender, depois podemos continuar tirando os sapatos e vestindo a velha humildade e educação, porque mais do que em qualquer outro lugar, é quando estamos na estrada e sozinhos que elas são fundamentais.
A primeira viagem que fiz sozinho foi para Brasília, em 2013. Eu precisava conhecer a capital do meu pais, ver as curvas futurista do maior museu  a céu aberto do mundo. Fiz um bate e volta versão turbinada. Peguei o primeiro voou  saindo de São Paulo e voltei no ultimo daquele mesmo dia. Deu pra ver bastante coisa, bati perna o dia inteiro e só fui comer na hora de voltar pra casa, já no aeroporto. Um dos pontos altos da viagem foi poder caminhar pelo congresso nacional, inclusive dentro do plenário da câmara. Visitei também a palácio do Itamaraty, sede do ministério das relações exteriores e que guarda em seus salões dezenas de obras de arte brasileira e internacional e também alguns presentes recebidos pelo Brasil de países do mundo todo, como tapeçarias e móveis. Ha também uma escada helicoidal de tirar o fôlego de qualquer engenheiro ou arquiteto tamanha é a leveza e perfeição com que foi desenhada.

Panteão da Pátria- Brasília 02/2013
 O ultimo prédio que visitei foi o panteão da pátria, construído para homenagear os heróis nacionais. Me recordo de estar fazendo um calor lascado naquele dia, o céu do planalto estava colorido com um lindo tom de azul e com pequenas nuvens. Na hora de voltar para o aeroporto enfrentei um pequeno congestionamento entre o congresso e a rodoviária central, Brasilia embora tenha sido planejada também enfrenta problemas corriqueiros como o trânsito intenso.

A capital do meu pais é linda, uma pena não poder dizer o mesmo da maioria das decisões que lá são tomadas.

No ano seguinte as coisas melhoraram e consegui ir além, conhecer dois estados em uma mesma viagem, dessa vez acompanhado de uma amiga. A primeira escala foi no Rio, eu não podia continuar sustentando a ideia de que um gringo que mora do outro lado do mundo já conhecesse o cristo e as areias de Ipanema e eu, bem ao lado, nunca tivesse pisado naquelas terras.

Corcovado - Rio, 02/2014
Passei três dias no rio, isso depois de pensar que morreria logo nos primeiros minutos pós desembarque. Cometi o vacilo de pegar um táxi fora do aeroporto, atraído por um sei lá quem que ofereceu o serviço e eu e minha amiga, dois turistões, seguimos. Entramos em um táxi clandestino, sem fechadura nas portas traseiras e sem taxímetro. Ao longo do trajeto o sujeito falava o tempo todo sobre a violência no Rio, os sequestros, as mortes e os tiroteios, comuns, segundo ele, na via em que estávamos passando naquele exato momento. Quilômetros a frente ele para o carro e outro sujeito estranho entra. - meu amigo, vamos almoçar juntos, tudo bem? - Tudo bem? Seu amigo tomar carona na minha corrida de táxi? Claro, poxa, porque não? Burro burro burro! Eu tava cagando de medo e jurei ter visto um 38 sobre o banco do motorista. Aventuras a parte, chegamos com vida em Santa Teresa, não fomos assaltados diretamente, mas paguei cem reais em uma corrida que segundo os locais, custa não mais que trinta. Eu e minha amiga agradecemos a Deus por nossas vidas, nos xingamos a noite toda e depois rimos.

Pedra do Arpoador - Ipanema, 02/2014
O Rio começou emocionante! Confesso que ao juntar minha primeira experiência negativa na cidade a tudo que tinha visto pela TV nos anos anteriores, andei pelas ruas do rio bem temeroso, mas depois vieram o por do sol na pedra do arpoador e todo mundo aplaudindo aquela maravilha, vieram também os corpos nus em meio a uma cidade que mistura a beleza do mar as seis da tarde ou da manhã e que também é cosmopolita, é movimentada, é repleta de línguas, sotaque e gente do mundo todo. Sai de lá com a promessa de voltar algum dia para morar, por uma temporada que seja.
Do Rio partimos para Ouro Preto, MG...

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