domingo, 7 de agosto de 2016

No café da esquina, sábado anoite!


Ali na esquina da avenida agitada há um café com uma arvore sobrevivente fincada na calçada de concreto. Foi lá que nos encontramos pra falar de nós, dos nossos amigos e dos sonhos da gente.
Temos vinte e poucos anos e somos velhos estudantes de economia, grandes guerreiros de guerras diárias, travadas pelos longos percursos de ônibus lentos, trens lotados e horários apertados.
Falávamos das desigualdades e da nossa sorte revestida de persistência. Nos disseram não, mas teimamos em gritar todos os dias.. Não é o caral#$@ PORRA!

Agradecemos sempre que nos vemos. Somos um tanto carentes de modéstia, mas amamos a forma como vemos o mundo embora eu deva confessar que levamos bons tapas na cara este ano. Vimos nossos pré-conceitos caírem por terra e os estereótipos despencarem do alto de um penhasco. O queixo caiu, logo o nosso, que gritamos liberdade, direitos e respeito. Pois é, erramos e aprendemos com isso. Espero que continue assim.

No ponto alto da prosa conversávamos sobre respeito e do espaço de cada um. Nos últimos dois anos fomos apresentados a gente tão diferente e outas estupidamente tão iguais. Lembramos do quão críticos fomos com algumas delas, estabelecendo ideias curtas e perfis ralos, baseados em mero preconceito.

Lembramos também do quão sortudo fomos pois essas mesmas pessoas permaneceram, ficaram por perto, algumas se tornaram amigos e tenho certeza, foi a vida, o destino, Deus! Rindo de nós, mostrando o tanto que ainda temos de aprender sobre os outros, esse complexo humano, que antes de qualquer definição merece respeito.

Fechando a noite um garoto indagou sobre o quão bom devia ser nossas vidas e me fez pensar por um segundo até que concordei. - É, nossas vidas são incríveis! Nós as fazemos assim todos os dias, entre o metrô e as aulas de micro, o estágio e a volta pra casa a gente se fala, sorri, chora, estuda e dorme até que chega.
Essa guerra santa diária é combustível e vivemos isso bem cientes do quão mágico é este momento, sabemos hoje o quão vamos sentir saudade dele em um futuro não muito distante.

Eu só posso desejar que sejamos desconstruídos e reconstruídos diariamente, que os tipos mais diversos de gente nos encontre e nos ensine sobre este mundão de meu Deus.
Eu posso dizer da sorte e da alegria em compartilhar este café, esta noite e parte desta vida.

Atravessamos uma São Paulo inteira pra nos tornarmos quem queremos ser e atravessaremos o mundo se preciso for.