Daquela foda gostosa que nós nunca demos. Do acordar perdido na tua cama. Do ir te buscar no trabalho sexta a tarde para irmos caminhar, conversando sobre a porra da politica e as eleições que se aproximam, rir das barbeiragens que Simba, nosso cachorro, fez outra vez na calçada da dona Teresa. Ah meu moreno, e as macarronadas que eu nunca te fiz, das vezes em que (nunca) te puxei a toalha envolta na cintura pra te ver corar e depois cair na risada me chamando de safado.
Me lembro ainda em detalhes de todas aquelas amostras de Gaudí, Michelangelo e Picasso que jamais fomos ver em São Paulo. Das corridas matinais no vila lobos e no parque Tanguá. Mas o que mais lembro com saudade profunda, é daquela vez em que entrelacei minha mão na tua antes de entrarmos na festa de casamento da tua prima Julia, você me sorriu leve, apertando e aninhando teus dedos nos meus, me encorajando, como quem dizia " continue, vá em frente, aqui ninguém irá nos julgar, o que sentimos um pelo outro é tão bonito que só trará luz ao mundo" lembro desse momento com a certeza concreta e irrefutável de algo que nunca aconteceu.
E finalmente, porém não menos feliz, me recordei a pouco daquela manhã inexistente de domingo, a primeira na cidade nova, da vida nova e dentro das escolhas que fiz. Te liguei desesperado e chorando, supondo que tudo daria errado; o emprego novo, o apartamento, nos dois, o mundo. Você foi enfático: " deixa de drama porra!" Se der errado tú volta, levanta e tenta outra vez, é assim pra todo mundo. E completou " você tem a chave aqui de casa, se precisar volta, sabes o caminho, mas se acaso esquecer, eu vou te buscar."
"É!" pensei comigo. Se precisar voltar eu volto, para fazermos tudo aquilo que nós nunca fizemos, sem dramas PORRA!
"É!" pensei comigo. Se precisar voltar eu volto, para fazermos tudo aquilo que nós nunca fizemos, sem dramas PORRA!